Adeus, pai!

Oi. Estou deprimida. Meu pai já foi embora. Foi até divertido ver o exército marchando, e realmente bonito ver as pessoas se despedindo de seus familiares, mas não é legal ser "coroada" pelo bispo de Greifshire aos 17 anos! Também não é legal ver seu pai de armadura completa e com uma expressão homicida no rosto. Acho que ele detesta os franceses, quer dizer, tenho certeza disso.

Pelo menos a Catherine veio aqui hoje. As tropas do pai dela se juntaram com as do meu pai bem na frente do Condado e ela veio dar adeus. Tomara que ela pernoite aqui hoje.

Eu espero que governar seja fácil. Eu disse que meu pai me deu umas aulinhas básicas e tal, mas não me sinto preparada. Tomara que eu consiga! Me desejem sorte. Tchau.

Aaaaaaargh!

Oi. Estou com a maior vontade de dizer tchau, mas vou continuar. (Breath in. Breath Out. Inspira. Expira.) Eu sei que não falo com vocês há um tempão, muito tempo mesmo. Mas é que Irla mudou muito desde o baile. Parece que o mundo estava apenas esperando o aniversário da Abigail Coisa para explodir. E, de fato, acho que vai explodir. Aquela chata está cada vez com o nariz mais empinado. Que raiva dela!! Ficou me dando gelo até semana passada porque eu estava mais bonita que ela no seu aniversário, mas quando ela precisa da ajuda de seus vassalos, eu sou logo a primeira. Desculpe, me empolguei. Melhor começar do comecinho.

Eu estava na monotonia pós-baile, tudo beleza até aí. Só que teve um dia, um dia maldito chamado hoje mesmo, em que a "futura rainha de Irla" e seu pai, o Rei, apareceram aqui em casa. Claro que a presença deles não pode jamais significar algo bom ou sem importância, senão eles mandariam o mensageiro. Mas o fato é que eles vieram. O Rei me pediu licença (ele é tão educado, não sei a quem Abigail puxou) para conversar com meu pai a respeito de um assunto muito importante. A princesinha mimada teve que sair da sala também, mas acho que ela já sabia sobre o que era.

Ela me pediu uma água. Eu seriamente pensei em colocar veneno dentro, mas me contive. Respirei e peguei o cálice de água. Devia ter benzido para ver se ela melhorava. Mas o padre não estava lá. Tinha ido confessar os fieis. (Estou desviando do assunto.) Ela olhou para mim e riu, como se eu fosse super-cômica. Eu quase voei no pescoço dela. De novo, me contive. Aí ela disse:

- Você não faz a menor ideia, né?

- Não. Você faz? - respondi, perguntando.

- Claro que sim, Meu pai me deixa saber de tudo, sempre. Você é que é desatualizada, condessa.

- Ah, que bom. - eu devia ter perguntado para ela se ela tinha um público leitor do futuro para saber o que ela faz.

E assim, de forma enigmática, ela saiu da cozinha com um ar esnobe e foi esperar o pai na carruagem.

Depois de longas horas, meu pai e o Rei saíram da sala. O Rei me cumprimentou, tenso, e foi embora. Sério, eu espero nunca mais ver o meu pai com aquela cara. Ele me olhou e disse:

- Querida, eu...- eu sei que ele não é bom com palavras, então o cortei:

- Fala logo.

- OK. Irla está entrando em guerra, quer dizer, os exércitos de Irla marcharão para a guerra amanhã cedo, eu eu liderarei uma das tropas. - acho que eu fiquei meio estranha, porque

ele perguntou: - Está tudo bem?

- Tudo ótimo, eu acho.

Então você está vendo porque eu estou irritada. Só tenho mais essa noite com o meu pai. E amanhã, eu viro a regente do Condado de Greif, até meu pai chegar ou até segunda ordem. E o pior disso tudo (se é que dá para piorar): a Abigail é a nova Rainha até o pai dela voltar! Agora, tchauzinho, vou conversar com meu pai.

P.S.: Estou com medo de virar completamente órfã. E não consigo aguentar a arrogância daquela rainhazinha de uma figa. Aaaaaargh!

Colocando vocês em dia

Oi. Mil desculpas por não ter atualizado as notícias sobre a minha pessoa. É que teve a preparação para o baile, o baile, o pós-baile, etc, etc, blá, blá, blá. Muito bem, vou começar a contar tudo.

Na quinta-feira, dia do baile, eu e Catherine acordamos bem cedo e tomamos um banho de mar (lembrem-se que Irla é uma ilhota. Todos os feudos são cercados por água salgada). Depois, sentamos na mesa para comer o nosso desjejum. Não sei o porquê de os servos terem preparado uma refeição tão caprichada, pois nós não comemos quase nada, com medo de não cabermos no vestido. Separamos as roupas e fomos almoçar, novamente, fui privada de uma das coisas que mais gosto de fazer: comer, mas pelo menos foi por um bom motivo. Aí começou a parte mais legal do dia, a que eu estava mais ansiosa para fazer: começamos a nos preparar para o baile. Minha ama, Penélope, foi quem fez os nossos penteados e nos maquiou. Ela é ótima fazendo isso, afinal, me penteia e maquia todo santo dia, só que dessa vez Penélope caprichou demais!! Depois disso, os lacaios prepararam a carruagem e, eu, meu pai, Penélope e Catherine entramos nela. Não tínhamos andado 10 metros, quando eu e Catherine lembramos que não havíamos pego o presente para dar a Abigail, então demos meia-volta para pegá-lo. E, finalmente, pudemos partir de verdade. Havia apenas um porém: tínhamos que buscar o Duque de Goldworth e sua mulher, que estavam em seu feudo. Eles ficaram em seu ducado para lutar contra os vikings, lembram? Pois é, então fomos buscá-los. Catherine ficou muito feliz em ver seus pais novamente, embora não tenha podido abraçá-los de forma efusiva, pois seu vestido não permitia. Aparentemente, eles ganharam a guerra sem muitas perdas, acho que fizeram um acordo com os vikings, mas estou me desviando do assunto.

Finalmente, chegamos no castelo do rei. Viva a Vossa Majestade! Uhu! Pois é, tivemos que gritar isso quando o rei entrou pela escadaria segurando Abigail. Tá, ela não estava tão feia, o vestido dela tinha cara de caríssimo, super-elaborado, cheio de frufrus, etc. Mas nós estávamos MUITO mais bonitas que ela. Houve uma cerimônia brega de coroação e finalmente a festa começou.

Foi maravilhosa!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

A Banda da Bretanha É ótima!! Dançamos até ficarmos cheias de bolhas nos pés, e eu nem precisei conversar com a Abigail! Detalhe: a comida era muito boa! Havia petiscos de todos os tipos, jantares volantes... E os doces. Meu Deus, o que eram aqueles doces! Bons demais da conta, como diria Penélope. Pernoitamos no castelo, e no dia seguinte voltamos para o Condado, após de deixar Catherine e seus pais no Ducado. É uma pena que ela não vá mais ficar aqui em casa, mas foi legal enquanto durou. (Que cafona isso!)

No dia seguinte, eu simplesmente dormi o dia inteiro! Estava extremamente cansada. E daqueles dias até hoje, não houve nada de importante. Basicamente, voltei à minha rotina normal: desjejum, aula, almoço, mais aula, horário livre, jantar, mais horário livre, ceia, dormir. Nos horários livres, geralmente eu lia, ou dormia mais. O baile me cansou bastante, estou ficando velha. Depois conto mais detalhes. Tchau.

* Curioso, hein? Quer saber como estava o meu vestido? Bom, pode deixar que hoje eu mostro. É aquele mesmo que está lá em cima. Sei que a imagem está meio ruim, mas é que estava muito escuro. Muuuuuito lindo, né? Agora tchau de verdade.

Mentira. Desculpe, não resisti. Tchau mesmo.

Oi. Sabe a aventura mirabolante que eu contei ontem? Bom, na verdade, aquilo foi uma invenção da minha cabeça. É que ontem choveu muito, mas muito mesmo, mais até do que naquele outro dia, aí não tinha nada legal para eu contar. Mas não é totalmente invenção minha. Olhe os fatos verdadeiros:

1) Realmente os servos estão fazendo novos arcos;

2) Existem ursos e salmões na floresta;

3) Há uma lenda corrente aqui em Greifshire, que conta que há na floresta uma ursa enorme, e na verdade, ela era humana e foi transformada em ursa, pois não sabia cuidar da família. Como acredita-se que ursos filhotes precisam ser modelados pelas mães, ela foi transformada em ursa, para que entendesse o real valor da família. Mas na lenda original, existe um dragão e mais um monte de criaturas fantásticas e blá,blá, blá;

4) Realmente, até ontem o meu vestido não tinha chegado.

Desculpe, gente, mas não pude resistir a fazer o meu dia mais interessante!

Adivinhem só? Hoje, Howard, o alfaiate, veio aqui entregar o vestido certo. Eu experimentei e ficou lindo!! Vou arrasar amanhã, acreditem em mim! Estou muito nervosa para o baile. É o primeiro baile de maioridade que eu vou e não sei se minhas habilidades de dança são suficientes para os salões do rei. Espero que sejam. O vestido vocês só verão amanhã, OK? Claro que OK, vocês não podem fazer nada. Tchauzinho.

Obs: Agora o meu vestido está mais bonito que o da Catherine. O vestido verde-musgo desastroso ficou de graça para a Penélope, o alfaiate só consertou a manga. Até que ela ficou bonitinha.

Estranho

Oi. A manhã hoje foi meio estranha. Muito estranha. Mega-bizarra. Ainda estou um pouco em estado de choque. Vou contar, pode deixar. Hoje, depois do desjejum (=quebra do jejum da noite= café-da-manhã), eu e Catherine fomos dar uma cavalgada pela floresta (é claro que Penélope foi junto). Fomos também testar os novos arcos que os servos fizeram, porque nós adoramos atirar flechas, ficamos testando se conseguimos acertar o meio das árvores. Os arcos ainda estavam um pouco duros, meio difíceis de envergar, então houve uma flecha que foi parar muito longe, bem para dentro da floresta. Se eu estivesse fazendo uma redação para o meu tutor, narraria os fatos a seguir, desta maneira:

"Eu e Catherine nos embrenhamos cada vez mais na floresta, cada vez mais profunda era a escuridão que nos cercava. Por entre as copas das árvores, a fraca luz do sol servia como fonte de iluminação. Penetrando cada vez mais fundo pela vasta e densa mata, andamos. E andamos mais e mais. Até que, ao longe, avistamos uma massa disforme e negra. Sentimos um arrepio na espinha..."

Deu para vocês entenderem que não foi uma manhã comum, certo? Daqui para frente eu continuo de forma normal, senão vai ficar assustador.

Ao mesmo tempo em que tínhamos ficado com medo da figura escura, ficamos muito curiosas, aliás, mais curiosas do que o normal. Portanto, nos aproximamos. Não deveríamos ter feito isso.

A medida que chegávamos mais perto, pudemos identificar o que era aquilo. Era um enorme urso negro que estava lambendo algo. Chegamos mais perto. Estava lambendo um filhote. Conclusão: era uma ursa.

Quando ela nos viu, não tentou nos atacar ou algo do gênero. Simplesmente olhou para nós, com uma cara que dizia: "Vocês que perderam a flecha?" Como se realmente fosse uma pergunta, e como se ela realmente fosse responder, assentimos.

Com seus longos braços gordos e peludos ela apontou um local à sua direita. E lá estava a flecha, quase perfeita. Exceto que estava fedendo a peixe. E estava ao lado de uma cesta cheia até a boca de salmões. E como o meu pai não permite que ninguém habite a floresta, que serve apenas para caça, concluímos que a própria ursa tinha usado a flecha para pescar. Ao tentarmos tocar no cesto, ela tornou-se agressiva, rosnando para nós. Mais apavoradas do que estávamos antes, nós saímos correndo, levando apenas a flecha.

Quando chegamos no castelo, nos recolhemos em nossos dormitórios sem falar nada. Se Catherine também não tivesse assistido à cena eu teria achado que estava delirando, pois não dormi direito. Sério, aquela ursa me deu muito medo. E tenho certeza de que voltarei a vê-la.

Vou almoçar, para ver se melhoro ou se me esqueço de tudo o que eu vi hoje, mas vai ser difícil, especialmente se o cardápio for salmão. Tchau, bem espantada.

P.S.: Acho que vou enlouquecer: 1) Estou vendo coisas; 2) O meu vestido ainda não está pronto. Faltam DOIS (2) dias para o baile. São motivos suficientes para qualquer um perder de vez a sanidade. Aaaargh! Socorro!

P.S.S.: Respira, Alianor, respira. Tchau de novo.